Enquanto escrevo isso, eu viajo…em um tempo onde todos os caminhos me despertavam apenas o desejo de ida. Viajar, viajar…é preciso ver o mundo!…essas palavras ecoam em minha mente por toda minha vida. As ouvi do meu pai.
Mesmo após anos, fico assombrada por elas me inquietarem tanto, parece que o hábito adquirido na infância, carregamos pelo resto da nossa existência. Eu acredito que existe o bichinho viajador que nos pica e vicia.
Até mesmo no Livro Sagrado está registrado em Eclesiástico, “O que muito viaja aumenta a sua sagacidade. Muita coisa vi nas minhas viagens, o meu conhecimento é maior do que as minhas palavras.”! Viajar, abre a mente, é aquela velha história…onde cada um tem uma grande paixão. Pois bem, sou muito fiel à essa minha paixão!
A primeira grande e solitária viagem que fiz, me levou a tantos lugares maravilhosos, que…não por rebeldia, mas por reaprender a valorizar muitos gestos, e perceber a beleza de sorrisos e olhares, por um fio não fiquei por lá. Conheci muito de perto a linguagem do coração.
Vivi muito além dos mares e da minha imaginação, falei com estranhos, almocei com famílias, bebi vinho em rodas sem convite, sentei nos melhores lugares dos melhores restaurantes, mas também em bancos das praças. Foram muitas as amizades que jamais sucumbirão nem ao tempo, nem ao espaço. Viveremos outros invernos e verões, nas mesmas estações e ruas, que faço questão de não guardar todos os nomes, porque quero lá voltar e refrescar minha memória.
Descobrir, é o que é fascinante. Dá calor no peito, emociona e acelera o metabolismo, quando ficamos frente a frente, com tudo o que registramos em tantos anos de estudos. Era como nos livros, só que muito maior e mais bonito. Solta e livre, em meio a muitos estranhos, busco cada detalhe, cada ângulo de esculturas, quadros, mosaicos, com um olhar curioso, em busca de novos significados, conhecimentos e sentidos. À vida.
Eu quero, percorrer muitos lugares distantes, subir muitas montanhas em busca do pôr-do-sol perfeito, chegar onde poucos chegam, sorrir para o vendedor de bilhete do museu, quando me olha, com um olhar admirado que traduz “você de novo”, chorar de emoção, por várias vezes diante das obras de Michelangelo, Aleijadinho, e provar todos os “vinhos da casa” existentes. Tendo o coração como bússola!
Viajar, é se presentear com momentos de paz e auto conhecimento, é se sentir filho do mundo, e escutar seu pai te chamando com voz que ecoa, por vales, canyons, mares, oceanos,terras geladas, e com o vento ir ao seu encontro sem fronteiras e rotas.
Só ganhamos, quando abrimos nosso mundo e a nossa cabeça, quando conhecemos outras culturas, outras realidades. Não vai importar se não falarmos mandarim, russo, alemão, ou se o nosso sotaque for diferente do tchê , ó xente, e sim, se tivermos nos olhos, bem estampada…a felicidade, por estar ali. É como se dissessem o tempo todo…obrigada por nos visitar, bem vindos!
Todos, estamos em uma grande viagem cósmica, viveremos a eternidade algum dia como poeira estelar, e de lá do infinito, olharemos para o nosso planeta azul, cheios de saudades. Porque a vida é eterna, não podemos deixar de lembrar que as são efêmeras, suas expressões. Somos todos viajantes, com direito a conhecer todos os lugares que desejarmos.
O mundo é grande, e querem saber? Todas as viagens…serão sempre só de ida!
AF